Lipodistrofia não é mais o terror que era há alguns anos.
Nos primeiros anos após o inicio da epidemia do HIV, era comum encontrarmos pacientes apresentando grande emagrecimento no rosto, levando a uma fisionomia de doente, mesmo naqueles que faziam o tratamento.
Na verdade, tanto o vírus circulando no organismo, quanto os próprios antirretrovirais podem levar a essa complicação chamada de lipodistrofia.
Hoje, as medicações usadas no tratamento quase não apresentam a essa complicação e aquelas que mais causavam isso no passado, já não são usadas.
A lipodistrofia não causa apenas emagrecimento no rosto.
Na verdade, Lipodistrofia é diferente de emagrecimento ou caquexia.
Trata-se de uma distribuição anormal de gordura que pode acontecer junto com alterações do metabolismo parecendo com o que vemos na síndrome metabólica.
Tipos de lipodistrofia:
Quanto ao tipo de manifestação clínica:
Lipoatrofia:
Redução da gordura em regiões periféricas, como braços, pernas, face e nádegas, podendo acarretar proeminência muscular e venosa relativa;
Lipo-hipertrofia ou lipoacumulação:
Acúmulo de gordura na região abdominal, presença de gibosidade dorsal, ginecomastia nos homens e aumento de mamas em mulheres e acúmulo de gordura em diversos locais do corpo, como as regiões submentoniana e pubiana, costas, (giba), barriga, pescoço, nuca, etc
Quanto a sua origem:
Familiar ou congênita
Adquirida
Quanto a sua localização ou gravidade:
Parcial
Generalizada
Localizada
Complicações da lipodistrofia:
• Alteração do metabolismo da glicose (aumento da glicose, resistência a Insulina) >> Diabetes mellitus
• Aumento do colesterol ruim >> acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos (aterosclerose)
• Aumento do figado e baço (hepatoesplenomegalia)
• Cirrose do fígado
• Alterações do rim (glomerulonefritemembranoproliferativa)
• Maior propensão da infecções bacterianas
Os sinais físicos da lipodistrofia normalmente aparecem progressivamente, aumentando em gravidade por um período de 18 a 24 meses. Estabilizam-se durante pelo menos dois anos.
Os antirretrovirais (ARVs) que mais causavam lipodistrofia eram:
• Indinavir;
• Didanosina;
• Estavudina.
Hoje todos estes estão em desuso.
Outros ARVs que são usados hoje em dia e que podem se associar a lipodistrofia, ainda que menos frequente e de forma menos acentuada:
• Zidovudina;
• Lamivudina;
• Inibidores de protease (Atazanavir, Lopinavir, Ritonavir, entre outros).
Outras causas de Lipodistrofia
Não é apenas alguns remédios usados no tratamento do HIV que causam lipodistrofia, veja outras causas:
• Vírus HIV circulando no sangue (em pacientes sem tratamento adequado)
• Diabetes Mellitus
• Resistência insulínica
• Hiperinsulinemia
• Intolerância a glicose
• Síndrome auto-inflamatórias
• Dermatomiosites
• Dermatite herpetiforme
• Arterite temporal
• Doenças celíaca
• Anemia perniciosa
• Vasculite leucocitoclástica
• Contratura muscular
• Atrofia muscular
• Anemia microcítica
• Insuficiência renal
• Síndrome de Hutchinson-Gilford
• Síndrome de Barraquer-Simons
• Algumas doenças neurológicas
• Lipodistrofia progressiva
• Síndrome de POEMS (polineuropatia, aumento de órgãos, doenças endócrinas, componente monoclonal, alterações da pele) >> levando a doença mental e alterações da retina
• Síndromes congênitas (o bebês já nasce com uma alteração no metabolismo dos lipídios)
Qual o tratamento?
Troca de medicação
• Em paciente em tratamento para HIV com ARVs como Zidovudina ou estavudina, é recomendada a troca por um análogo de nucleosídeo como o Abacavir.
• Em pacientes usando Inibidor de Protease avaliar sua substituição por um Inibidor de Integrase como Dolutegravir.
Mudanças dietéticas:
• Dieta pobre em gordura e carboidratos
Tratamento medicamentoso
• Metformina
• Glicazonas
• Leptina recombinante humana
Tratamento hormonal
Uso de suplementos e hormônicos devem ser avaliados com cuidado devido ao risco de interação medicamentosa e aumento do risco de hepatite.
Tratamentos cosméticos
• Reconstituição facial com retalhos livres ou silicone
• Lipoaspiração
• Lipectomia para retirar excesso de gordura
• Preenchimentos com metacrilato
Como podemos prevenir?
• Alimentação adequada rica em proteínas;
• Prática regular de atividade física.
Tanto atividade física cardio-respiratórias quanto as de musculação são importantes no tratamento do paciente vivendo com HIV