Alcoolismo no mundo feminino

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Entrevistador: – Qual é o perfil do uso de bebidas em mulheres no Brasil?

Dra Silvia Brasiliano: – Há poucos dados epidemiológicos sobre o uso de álcool na população brasileira. O único levantamento nacional existente foi realizado pelo CEBRID em 2001 e apontou que com exceção dos medicamentos (benzodiazepínicos e anfetaminicos), os homens usam mais substancias psicoativas que as mulheres., temos, pela ordem: álcool, tabaco, benzodiazepínicos, solventes, maconha, e anfetaminicos. A prevalência da dependência é três vezes maior nos homens que nas mulheres para o álcool  (17.1% x 5.7%). Esta relação é invertida somente para os benzodiazepínicos, nos quais a dependência é aproximadamente três vezes maior nas mulheres que nos homens.

Entrevistador: – A dependência química em mulher tem características diferentes da dos homens?

Dra Silvia: – Atualmente sabe-se que homens e mulheres dependentes apresentam múltiplas diferenças baseadas em uma complexa interação  entre fatores sociais, genéticos, hormonais, neurofisiológicos e ambientais. O pequeno especo desta entrevista não permite que todas estas diferenças sejam discutidas em detalhes; assim, citaremos somente algumas entre as principais: Mulheres dependentes sempre foram mais estigmatizadas que os homens. Este preconceito está na base do subdiagnostico da dependência entre elas e das múltiplas dificuldades que as mulheres apresentam para procurar ajuda. O curso e as conseqüências da dependência de álcool, cocaína, maconha e anfetamina é mais rápido nas mulheres que nos homens, ou seja, elas vivenciam os efeitos dessas substancias mais precocemente que eles. O uso de drogas pelas mulheres é influenciado pelo contexto social. A principio, mulheres dependentes tem mais parceiros que são dependentes que o universo. Além disso, o companheiro usuário não somente introduz e reforça o uso da mulher, mas também ocupa um papel importante na manutenção do seu comportamento. Assim, quando buscam ajuda, as mulheres geralmente não contam com esse suporte, ou mesmo, em alguns casos, têm que lidar com a oposição ativa do parceiro ao tratamento. Essa carência de suporte manifesta-se também entre familiares e amigos o que leva a mulher dependente frequentemente ao isolamento social.

No que diz respeito a problemática geral, enquanto os homens dependentes têm mais problemas legais, as mulheres apresentam mais problemas médicos, dificuldades sociais e familiares (com o preconceito, o companheiro e a maternidade) e sintomas psicológicos, referindo frequentemente baixa auto-estima e comportamento autodestrutivo. As mulheres apresentam taxas maiores de comorbidade psiquiátrica que os homens, principalmente com depressão, transtornos ansiosos e transtornos alimentares.

A.A. Alcoólicos Anônimos
Rua São Carlos, 30 Anexo Clube da 3ª Idade
Reuniões: Quarta-feira às 20h e aos domingos às 9h
Grupo Unidos de Brotas

 

 

Fonte: Revista Vivencia – Novembro/Dezembro -2009