Especialistas festejam a chegada da PrEP no SUS; remédio poderá frear o avanço da epidemia no país

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“Uhuuuuuu”, é desta forma que o dr. Esper Kallás, infectologista e responsável pelo estudo PrEP Brasil na USP (Universidade de São Paulo) está comemorando a chegada do medicamento que previne a infecção pelo HIV no SUS (Sistema Único de Saúde). O tratamento, chamado de PrEP (profilaxia pré-exposição), consiste na administração diária do antirretroviral Truvada, que é uma combinação de outros dois medicamentos (tenofovir e emtricitabina), em pessoas não infectadas pelo HIV. A incorporação da tecnologia, na opinião do especialista, é um marco na história da luta contra a aids no Brasil. “Estou muito feliz, a chegada da PrEP é um sonho realizado. Estamos dando um passo fundamental nas estratégias que visam frear o avanço da epidemia no país.”

O coordenador do Comitê de Aids na Sociedade Brasileira de Infectologia, o médico Valdez Madruga, também acredita que o Brasil poderá evitar novas infecções assim que a PrEP estiver disponível: “A profilaxia pré-exposição  ao HIV é uma importante estratégia de prevenção e não podemos abrir mão. Hoje, há mais de 100 mil pessoas no mundo que fazem o uso da PrEP.  No Brasil, a tecnologia chega um pouco atrasada, cidades como Paris, Londres, Nova York e São Francisco já estão debatendo a política de implementação há muito tempo.”

Valdez, que também é o principal pesquisador do estudo PrEP Brasil no CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids), fez questão de dizer que é totalmente a favor da incorporação da PrEP no SUS e que acha boa a decisão do Ministério da Saúde de restringir, neste primeiro momento, o medicamento a grupos prioritários, como homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo e população trans. “A prevalência do HIV é bastante elevada entre os HSHs e, principalmente, os jovens e as mulheres transexuais.” Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde comprovam que as taxas de prevalência de HIV nesses subgrupos varia de 5% a 10%, quando comparadas às taxas na população geral que é de 0,4%.

A professora Zarifa Khoury, infectologista do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo e médica do Instituto Emílio Ribas, é mais uma entusiasta da PrEP. “Aprovo  essa profilaxia em gênero, número e grau. Vale lembrar que o preservativo não contempla todas as pessoas que estão em busca da prevenção. A PrEP vem para somar no leque de possibilidades da prevenção combinada. No entanto, é importante saber que apesar de excelente,  a PrEP não previne 100%, por isso, quem optar por essa estratégia deve seguir corretamente o horário da medicação”.

O Ministério da Saúde anunciou que no primeiro ano o tratamento estará disponível para 7 mil pessoas.